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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Light Years, do Pearl Jam


LIGHT YEARS


Uma música muito difícil de falar sobre. Light Years é uma música, assim como várias outras do Pearl Jam, com o que eu gosto de chamar de 'interpretação livre', ou seja, a letra da música está ali, de vez em quando até mesmo sucinta, mas com frases que podem significar várias coisas. E em Light Years isso não é diferente. Ela fala sobre saudade, injustiça, morte, inconformismo e também, é claro, sobre o amor. 

Para realmente começar a falar sobre a Light Years, abaixo um pequeno discurso que o Eddie disse antes de tocá-la no festival Pinkpop, no ano de 2000.


''There are times you have got friends that don't fuck up at all and are great people. And then you just lose them for some reason. They are off the planet and you never had a chance to say goodbye. I only mention this because there was a person we used to know here and that was Diane and ah, we never got a chance to say goodbye. This is goodbye. And if you've got good friends, love them while they're here."

'' De vez em quando você tem amigos que não fodem com tudo e são grandes pessoas. E depois você os perde por alguma razão. Eles estão fora do planeta e você nunca teve a chance de dizer adeus. Eu só menciono isso porque houve uma pessoa que conhecíamos aqui e seu nome era Diane e ah, nós nunca tivemos a chance de nos despedir. Esse é um adeus, e se você tem bons amigos, ame-os enquanto eles ainda estão aqui.''

Link do Youtube para a música e o discurso.


E logo após esse excelente discurso, Eddie começa a tocar a guitarra, começando assim com a melhor versão de Light Years que eu conheço. Mas agora vamos voltar para a pessoa citada no discurso, Diane Muus, que foi a pessoa na qual Eddie dedicou a música.

Existe muito pouca informação sobre Diane na internet, até mesmo em blogs e sites americanos a informação sobre a mulher é totalmente escassa. O que é de fato conhecido é que Diane era muito amiga da banda, e ela trabalhava para a Sony Music. Isto posto eu venho propor a vocês uma teoria que venho martelando assim que comecei a pesquisar para escrever essa postagem: Será que Light Years foi escrita para a moça ou foi só mesmo uma homenagem?

Partindo da ideia de que Diane era funcionária da Sony Music e que ela era muito amiga da banda, acredito que após sua morte o PJ queria homenageá-la de alguma maneira e expôs seus sentimentos. Abaixo, vou dissecar a música explicando as partes mais interessantes da letra.



''Eu entendi números e para o que servem
Eu entendi sentimentos, e eu entendi palavras
Mas como você pôde ser levada embora?''


Definitivamente, o verso acima expressa inconformismo. Mas quando ouvi a música pela primeira vez, confesso que pensei se tratar de amor. Vamos dissecar um pouco mais. Partindo do inconformismo citado acima, podemos ainda pensar o porquê desse inconformismo. Quando a música diz ''eu entendi sentimentos, eu entendi palavras'' esse sentimento citado, qual será que é? e as palavras ditas, quais são? 

Podemos ainda ter uma abordagem completamente diferente sobre o tema, esse inconformismo apresentado pode não ter relação com quem está dizendo, mas sim sobre quem está se dizendo isso. Talvez quem fala estivesse se referindo ao fato de que a pessoa que foi embora (ou que morreu) adorava viver e por isso a outra pessoa está inconformada. Consegue notar a diferença? 


''E onde quer que você tenha ido e onde quer que poderíamos ter ido
Não parece justo, hoje simplesmente desaparecer
Sua luz é refletida agora. Refletida bem de longe
Nós éramos apenas pedras. Sua luz nos fez estrelas.''



Enfim chegamos ao refrão da música, e continuaremos a falar sobre Diane. Quero citar apenas sobre a quarta linha do refrão. O refrão, que é sempre tido como a parte mais importante da música, e que sempre expressa diretamente a ideia da mesma, apenas reforça a ideia de que a funcionária da Sony Music é a razão de termos esse som fantástico. A parte ''sua luz nos fez estrelas'', talvez, com a ajuda dela a banda tenha se identificado mais e se sentido cada vez mais como estrelas do rock. Mesmo que os integrantes do PJ não curtam muito esse status de rock stars, eles são sim e isso é inegável. Porque não é todo dia que uma banda com a visibilidade do Pearl Jam, num show abarrotado de fãs faz uma homenagem assim. Ela deveria ser realmente importante para a banda. 

Fugindo um pouco da Diane, outra possível interpretação da Light Years, voltando um pouco ao inconformismo, é que a música talvez fale sobre o amor. Quando na música aparece '' 
''E onde quer que você tenha ido e onde quer que poderíamos ter ido'' na minha opinião, tal trecho pode ser interpretado que Eddie ainda pensa no antigo amor, por exemplo ''Se eu não tivesse te perdido, onde nós estaríamos agora?'' E isso já foge um pouco do inconformismo e entra no campo da saudade, mas da saudade não de tempos vividos, e sim do tempo que eles poderiam ter vivido. Não existe saudade pior que essa, a saudade da incerteza de felicidade, pois eu acredito, sendo otimista que sou - e acredito que o Eddie também seja - que sentir saudade de algo que não vivemos é mais frustrante que sentir saudade do que já foi vivido, até porque já foi vivido e sabemos como foi, por outro lado, sentir saudade pelo que não vivemos é pior porque sempre pensamos que poderia ter sido muito melhor.




''A respiração pesada, arrependimentos despertados
Páginas passadas e dias que poderiam ter sido
Passados juntos, mas nós estávamos a milhas de distância
Toda polegada entre nós agora se tornam anos luz
Sem tempo para ser vazio ou economizar vida
Oh, você precisa aproveitar tudo.''






Nesse trecho, a música nos remete à uma ideia de arrependimento, como é dito logo na primeira linha. É o tipo de arrependimento de que os momentos em que estavam juntos poderiam ter sido melhor aproveitados. E esse trecho em especial sempre me faz lembrar do discurso do Eddie citado logo acima, ''Se você tem bons amigos, ame-os enquanto eles ainda estão aqui'' Mas essa parte pode ser interpretada com dois sentimentos; Amor e amizade. Lembrando mais uma vez que quando me refiro à amizade, me refiro também à Diane. Ainda falando de arrependimento, as frases ''Sem tempo para ser vazio ou economizar vida,
Oh, você precisa aproveitar tudo'' 
Podemos ir além das palavras apresentadas e traduzir que nós sempre damos maior valor a algo quando perdemos, isso é um fato que acredito piamente. Eddie em seu discurso ainda diz ''Este é um adeus'' Acredito que nessa parte ele entendeu que acabou, e que precisa dar um adeus, ou mesmo um fim a isso. 


Para finalizar, quero voltar ao refrão, pois lá existe um pequeno trecho muito interessante.



'' Sua luz é refletida agora. Refletida bem de longe''



Como eu havia dito anteriormente, o refrão é a parte mais importante da música, certo? É nele que a ideia principal da música é expressada de maneira clara e objetiva. E analisando essas duas frases separadamente, e como dito no parágrafo anterior, nos é remetida a ideia de que o entendimento que a separação dos amigos ou amantes foi finalmente compreendida, porque agora a luz continua sendo refletida, que podemos traduzir com a seguinte frase: ''nunca vou te esquecer'' , porém, a comprovação de morte ou separação contida na música, ou digo, a aceitação se dá na frase seguinte ''refletida bem de longe'' ou seja, a pessoa a quem a música se referia era uma luz que brilhou muito forte e intensamente, e que iluminou a todos com seu brilho, porque até depois de tudo o que aconteceu sua luz ainda é refletida, mesmo que de muito longe. 


 Light Years possui algumas curiosidades interessantes, uma delas é que no show de Porto Alegre aqui no Brasil, Vedder dedicou a música ao seu amigo e ex-guitarrista dos Ramones, Johnny Ramone, que infelizmente faleceu em 2004, vítima de um câncer na próstata. Vedder, ao cantar uma parte do refrão muda algumas palavras, demonstrando mais e mais que é um artista que sente sua música e que canta com prazer e sentimento.

Ele mudou a frase: ''It don't seem fair. You seemed to like it here''
                                  ''Não parece justo, você parecia gostar daqui''
 
 
                       Para: ''It don't seem fair, we still need you here''
       ''Não parece justo, nós ainda precisamos de você aqui''





quinta-feira, 23 de junho de 2016

O laconismo de Esparta





Já estamos cansados de saber sobre como os gregos clássicos gostavam de discursar abusando de sua retórica, que é basicamente a arte de usar a linguagem para comunicar uma ideia de forma persuasiva e eficaz. E é aí que entramos com os espartanos. 

Esparta situava-se numa região chamada ''lacônia'', ao sul da Grécia, e por isso, eram conhecidos como lacônicos. Mas se vermos hoje o significado da palavra 'lacônico', veremos um significado totalmente diferente. 


lacônico
adjetivo
  1. 1.
    que se exprime por poucas palavras; conciso, sucinto, breve.





Para melhor ilustrar, abaixo segue uma carta de Filipe II, rei da Macedônia e pai de Alexandre, o Grande, enviada ao rei espartano da época, que acreditamos ser Cleômenes II.




'' Se não se renderem imediatamente, invadirei vossas terras.
Se meus exércitos invadirem, irão pilhar e queimar tudo o que o que vocês mais prezam, 
Se eu marchar sobre a lacônia, arrasarei as vossas cidades.''



Filipe II




Você deve estar se perguntando ''Mano, quem esse Filipe II acha que é pra ameaçar assim um rei espartano?'' Simples, nessa época a Macedônia era a cidade-estado mais forte da Grécia, fato conhecido até mesmo pelos atenienses, e os espartanos também sabiam disso. Mas a resposta do rei espartano foi 'lacônica', tanto para aquela época tanto para os dias atuais. A resposta dele foi a seguinte:



''Se...''




Não existem registros das tropas macedônicas terem invadido Esparta, e ainda alguns historiadores acreditam  que o assassinato de Filipe II deu-se pela ''Kripteia'', que era uma espécie de polícia secreta espartana, mas o fato de que hoje alguém poder ser chamado de lacônico por causa dos espartanos é simplesmente excelente. 



















quinta-feira, 12 de maio de 2016

A diferença entre Árabes, Islâmicos e Muçulmanos


É muito comum nos dias de hoje as pessoas confundirem árabes, islâmicos e muçulmanos, e para aqueles mais informados, confundem também com os otomanos. Fiz essa postagem pra reativar esse blog de opiniões fecais e explicar um pouco sobre a cultura e costumes do oriente, que são simplesmente fantásticos. Porém, a diferenciação desses povos é algo totalmente simples de se fazer.



Denominações



Árabe - Os árabes são pessoas que nascem na península arábica. O que é a península arábica? A península arábica situa-se no oriente médio, mais ou menos nas fronteiras entre a África e a Ásia. A península contempla os países: Arábia Saudita, Iêmen, Irã, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã e Catar. 



Islâmico - É aquele indivíduo que segue o Islã, religião fundada por Maomé ou Muhammed, que através de revelações de Deus (Alá), seguem tais ensinamentos revelados. Há aqui também uma grande dúvida, pois muitas pessoas pensam que Maomé é visto como uma divindade, mas não, Maomé foi apenas 'O Profeta', ou 'O Último Profeta'. Por exemplo, em passagens do Corão aparecem bastantes passagens de Jesus e Maria, mas para o islamismo Jesus não possui a mesma importância que no cristianismo, por exemplo. 



Muçulmano - É o indivíduo que segue os ensinamentos árabes e islâmicos, mas por causa disso, ele não precisa ser árabe, por exemplo. Para melhor ilustrar, nós aqui do Brasil podemos ser muçulmanos, mas não podemos ser árabes. Ou seja, ser muçulmano é seguir a cultura árabe e a religião árabe. 



Xiitas e Sunitas


Há aqui também outra grande confusão ao falar dos Xiitas e Sunitas, que são povos que seguem duas vertentes diferentes do islâmismo. 

O cenário era o seguinte, Maomé quando da difusão do islamismo conseguiu vários seguidores por ter se mostrado um profeta da época. Porém, quando Maomé morreu não deixando filhos homens para herdar o governo da religião, duas ideologias ali se instalaram. A primeira ideologia é a de que o próximo na linha de profeta deveria ser alguém da mesma linha genealógica que Maomé, e a segunda ideia é de que o próximo profeta deveria ser alguém que possuísse o mesmo estilo de vida, os mesmos preceitos, costumes e conduta de Maomé. Essas duas linhas de pensamento são os Xiitas e os Sunitas.

Xiitas - Acreditam que o próximo ao 'cargo' de profeta deveria ser alguém da família de Maomé, mas como ele não havia deixado herdeiros homens, apenas uma filha casada, o marido dela deveria ser o próximo na linha de sucessão. 

Sunitas - Acreditam que o próximo na linha sucessória não necessariamente deveria pertencer a família de Maomé, podendo ser outro grande homem que difundisse a religião e as revelações de Alá, mas esse alguém deveria ter o mesmo estilo de vida que Maomé, e por isso, além do Corão os Sunitas ainda se baseiam em seus costumes em passagens da vida de Maomé, que são chamadas de Sunas. Ou seja, os Sunitas possuem dois livros sagrados, o Corão e as Sunas, daí provém o nome Sunitas.


Porém, na época em que a religião islamica se instalou no mundo oriental, ela não era tão extremista quanto hoje em dia, e por isso nós não podemos confundir a religião do islã com o Estado Islâmico ou o ISIS, que são apenas um grupo de terroristas que fazem o que querem com embasamento religioso.












segunda-feira, 4 de abril de 2016

Série Grunge: Scott, se você morrer antes de mim, pergunte se pode levar um amigo...





O que caracteriza uma lenda do rock? 


Seu sucesso? Suas músicas? O jeito que vivia sua vida? note que a ultima pergunta está naquele sentido de 'rockstar', aquele cara solteirão, que usa drogas, sai transando com várias mulheres e não liga pro futuro. Mas acho que a resposta pra primeira pergunta está dentro de cada rockeiro, de cada fã louco pela sua banda, e mesmo que aqui no Brasil as músicas do Stone Temple Pilots ou do Velvet Revolver não tenham estourado quanto Nirvana ou Pearl Jam, e mesmo que Pearl Jam seja a minha banda preferida, o Scott Weiland foi tão importante na minha vida como é o Eddie Vedder. Há uma frase bastante interessante do Eddie que ele fala sobre suas letras e sobre o fato de não gostar de gravar vídeo clipes, porque o grunge em sua totalidade é ambíguo, são pessoas que sofrem escrevendo músicas para fãs que sofrem, e nesse sofrimento podemos 'escolher' o significado de determinada música e trazermos para a nossa realidade. E na minha vida foi aí que entrou Scott Weiland.


Lembro da primeira vez que ouvi Stone Temple Pilots, eu estava navegando pelo youtube vendo vídeos de música ao vivo - tenho esse hobby - porque é pelos shows que você sabe que o cara canta mesmo. E nessas minhas buscas eu vi a música Plush, no acústico da MTV. Já fiquei maluco com a performance da banda, mas a voz do Scott me impressionou naquele mesmo momento. Foi o mesmo quando ouvi o Layne (Alice in Chains) ao vivo pela primeira vez, percebi um talento notável naquela voz, e foi uma questão de tempo pra ouvir toda a discografia da banda. Detalhe: tenho só 22 anos de idade e comecei a ouvir rock muito tarde. Nunca antes fiquei tão curioso em ouvir todas as músicas de uma banda, exceto Pearl Jam.

O que Scott me deixou?

Talvez, a causa de eu ouvir tanto grunge é porque eu me identifico muito com os vocalistas das bandas, que expressam sua arte através dos acontecimentos mais marcantes de suas vidas, que em sua maioria eram tristes. Uso de drogas, desilusão no amor, problemas dentro da família e etc., eram os principais assuntos abordados pelo grunge. E por causa disso logo me identifiquei também com a banda, mas o que eu realmente quero dizer é que Scott mesmo com o sucesso alcançado, sofria muito. Em sua biografia ''not dead and not for sale'' que em tradução literal é ''não morto e não a venda'', ele diz que foi violentado pela madrasta e também por um 'amigo' mais velho do ônibus da escola. Esse amigo dizia que se Scott falasse pra alguém, ninguém mais falaria com ele pois ninguém queria andar com alguém que era constantemente violentado.


Mas note que não digo isso para usar como uma desculpa para o vício em drogas de Scott, mas quero frisar que essa com certeza é uma das causas, porque essas informações foram reveladas vários anos após o sucesso do vocalista. Minha opinião é que não há razão para ninguém se afundar em drogas, mas eu entendo quando alguém está no fundo do poço. E Scott disse isso várias vezes por meio de suas músicas. A música 'Down' expressa muito bem tal sentimento, como várias outras.

Queria falar especificamente sobre uma música, a ''Still Remains''.


Oh, I'd beg for you,
Oh, you know I'll beg for you.
Pick a song and sing a yellow nectarine
Take a bath I'll drink the water that you leave
If you should die before me ask if you can bring a friend
Pick a flower, hold your breath
And drift away .....




Um olhar inicial diria que se trata de uma música de amor. Mas a parte em que eu coloquei em negrito sugere que a música pode ser para um amigo, porém, o resto da música sugere uma música de amor mesmo, o que e fascinante pois como eu disse antes sobre o grunge, você se quiser pode traduzir na sua cabeça para as duas coisas. Acredito não existir nada mais bonito e belo para se dizer a um amigo ''Se você morrer antes de mim, pergunte se pode levar um amigo'', a frase expressa amor total e incondicional, visto que você se disponibiliza para morrer com o amigo. Podemos dizer também que a mulher por quem ele está apaixonado se encontra a beira da morte, são tantas interpretações...






''Pensei que você fosse meio elegante

Então ela me diz que sou um verme

Amigos não significam nada e eu sou metade do homem que costumava ser...''